Comei, Bebei e Diverti-vos...

(Calígula - O Imperador)
Na luta contra os transtornos alimentares temos, de um lado, a magreza exagerada pregada como ideal na sociedade em que vivemos e, por outro lado, a obesidade já debochadamente marginalizada. Porém, a grande maioria das pessoas ainda vê a “glutonaria”como algo que não nos afeta.
Glutonaria, palavra derivada do grego φάγος que siginifica gula, orgia, imoralidade sexual, embebedar-se, comer e drogar-se. Nem sequer precisamos estar acima do peso e agindo como os antigos Calígulas, mas se cometemos excessos que prejudicam nossa saúde, estamos no mesmo barco.
A raiz física e psicológica da glutonaria
Paulo nos ensina que os glutões se concentram mais nas coisas materiais (Filipenses 3:18-19). Se idolatramos algo que praticamente governa nossos desejos físicos, quebramos o primeiro e o segundo mandamentos (I João 2:16). Quando usamos o dia sagrado para nos banquetearmos com comilanças ao invés do serviço e da palavra de Deus, buscamos nosso próprio prazer ao invés de dedicá-lo ao Senhor (Isaías 58:13-14).
Se realmente cremos que nossos corpos são templos do Espírito Santo (1 Coríntios 6), como explicamos o fato de comermos muito mais do que precisamos, agindo incoerentemente com a mensagem que pregamos? Qual a diferença entre o excesso de bebida, imoralidade, drogas ou comida? Podemos nos julgar melhores do que os filhos do Senhor que estão perdidos em vícios e doenças adquiridas por suas escolhas imorais, mas somos realmente diferentes se não nos controlamos em relação aos alimentos que ingerimos? Se nos consideramos bons mordomos de tudo o que o Senhor nos dá, por que muitas vezes deixamos nossa saúde fora disso?
Por saúde, entendamos saúde física, psicológica, moral e espiritual. Podemos achar todo tipo de desculpas, sejam elas consequências de doenças genéticas ou hereditárias, desilusões e e outras causas, até porque é fácil comer excessivamente numa sociedade onde tudo está ao alcance de nossos dedos e podemos ter o que desejamos como, onde e quando desejamos. Tentações gastronômicas estão conveniente e constantemente a nossa frente até mesmo nas redes sociais em vídeos inacabáveis em nossa linha do tempo. Dr. Kelly Brownell, diretor do Center for Eating and Weight Disorders da Universidade de Yale, disse que uma criança vê em média 10.000 comerciais de alimentos por ano, enquanto uma adulto vê cerca de 30.000, e isso inclui comidas processadas de todo e qualquer tipo, de fast-food à doces e chocolates. Essa estatística é diretamente proporcional ao aumento astronômico da obesidade entre crianças, jovens e adultos nos últimos anos. (1)
Dietas, cirurgias e tratamentos que conhecemos tratam muitos dos sintomas, e sem sucesso continuam a pipocar entre as muitas opções fracassadas para tratar os resultados da epidemia comercial que incentiva a glutonaria.
A responsabilidade individual em buscar o autocontrole
Se realmente considerarmos a realidade dos fatos e relembrarmos os ensinamentos das escrituras, saberemos que a raiz da glutonaria é a falta de autocontrole, e nossa autodisciplina é testada a cada momento de nosso dia-a-dia. Mas lembremos do que Tiago nos ensinou em sua carta às doze tribos dispersas entre as nações:
“Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte.” (Tiago 1:14-15)
Comer e beber mais do que o necessário e sobrecarregar nossos corpos e mentes revela falta de autocontrole que sim, pode levar à morte. E esta falta de saber resistir é mental e psicologicamente similar ao tipo de problemas daqueles que julgamos “viciados” em drogas, álcool, fumo, ou mesmo videogames ou pornografia. A inabilidade – e talvez o orgulho – distração ou sentimento de que não é necessário saber resistir deixa que nossos desejos nos controlem.
A responsabilidade por nossos atos depende de cada um de nós. A glutonaria afeta nosso caráter em todas as áreas. Quando não perseveramos em resistir à pequenas tentações, não teremos força de vontade para resistir às grandes e deceptivas investidas de nosso inimigo comum.
Cristo nos ensinou que precisamos nos amar, mas para isso precisamos entender a necessidade que temos de buscar ter autocontrole e seguir Seus passos. Ele não tinha autocontrole somente para que pudesse resistir às tentações, mas principalmente o tipo de autocontrole para também fazer a coisa certa. Podemos resistir às tentações de comer em excesso, mas também precisamos escolher que tipos de alimentos consumir para preservar nossa saúde e a de nossos filhos.
Aprendemos nas escrituras que pessoas que desenvolvem o autocontrole de forma saudável:
São fortes de caráter, não se deixam levar pelas ações de outros, e fazem o certo mesmo que outros não os notem. (Provérbios 25:28)
São cuidadosas com suas palavras. (Provérbios 13:3)
Sabem como agir e controlar seu temperamento. (Provérbios 19:11)
São sábias, determinadas e perseverantes. (Efésios 5:15-16)
Sabem como controlar seu dinheiro, e não gastam o que não têm. (Provérbios 21:20)
Cuidam muito bem de sua saúde. (1 Tessalonicenses 4:4)
Sabemos que o Senhor condena a glutonaria - como ensinado em Deuteronômio 21:20-21 e Provérbios 23:20, e o mandamento que recebemos quando nosso Salvador esteve neste mundo foi o de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos (João 13:34-35). (2)
Como transformar sua vida, amar-se mais e fazer de seu corpo o verdadeiro templo do Espírito
Comer demais é um vício como qualquer outro. O primeiro passo para vencer uma dependência é admitir que você perdeu o controle. A glutonaria precisa deixar de ser mascarada como um pecado socialmente aceitável.
A gula não é apenas o vício em comida, mas o vício da alma ao excesso. Todo o desejo do excesso surge através da falta de satisfação. Alguém pode dizer, “Não estou satisfeito com o tamanho do meu prato. Não estou satisfeito com meu casamento. Não estou satisfeito com minha conta bancária.” Não importa a insatisfa