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Na Lei Cristã, pode uma pessoa divorciada casar-se novamente?

Updated: Mar 26, 2019



Marcos 10:2-9 –

“E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o: É lícito ao homem repudiar sua mulher?

Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moisés?

E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e re…pudiar.

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento;

Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.

Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher,

E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.

Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”

Jesus Cristo tentou ensinar os detalhes da lei naquela sociedade e evitar o farisaísmo

Se colocarmos a escritura no contexto, vemos que os fariseus estavam testando Jesus sobre o que ele dizia em relação ao divórcio pela lei de Moisés. Ele ensinou que casamento era o plano de Deus desde a fundação do mundo, e que o divórcio era criação do homem, não do Pai Celestial. Ele também confirmou que o que o Senhor junta, o homem não separa. E que a exceção para o divórcio deveria ser a infidelidade, pois na época, as mulheres não poderiam pedir o divórcio aos maridos judeus, mesmo se houvesse infidelidade, e os maridos divorciavam de suas esposas por qualquer motivo e as deixavam à deriva.

Como então pessoas divorciadas podem se casar novamente na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, inclusive num Templo realizando um selamento eterno?

Alguns críticos usam a escritura de Romanos 7:2-3 para dizer que se há a revogação de selamentos, então não são válidos.

Há outras três passagens no Novo Testamento que tratam diretamente do assunto divórcio e casar de novo:

1. Lucas 16:18 confirma a mesma passagem, dizendo que, na época, o divórcio por qualquer motivo era desaconselhado, pois prejudicava somente a mulher.

2. Mateus 5:31-32, no Sermão da Montanha, traz a mesma exceção, que "um casamento é válido até que uma das partes o dissolva através de traição". Esta exceção também aparece em Mateus 19, mas não em Marcos ou Lucas. Jesus o ensinou para que justamente a lei de Moisés fosse melhor entendida, numa sociedade onde o homem largava de suas mulheres encontrando concubinas.

3. Marcos 10:11-12, Jesus alargou o ensinamento explicando que a dissolução pode ser aplicada ao comportamento do homem ou da mulher - mesmo que na época a lei judaica dizia que a mulher não poderia pedir o divórcio ao marido.

Na sociedade Judaica da época de Cristo, alguém poderia casar-se novamente somente se fosse a parte inocente, porque infidelidade anulava o matrimônio e a parte inocente permanecia solteira.

Mateus 19:3-12 e Marcos 10:2-12, mostram alguns fariseus testando Jesus a respeito da lei do divórcio. Jesus defendeu a permanência do casamento citando Gênesis. Quando perguntado porque Moisés permitiu o divórcio, Jesus respondeu: "Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido." E segue explicando outras exceções.

No contexto e na época, a lei judaica permitia homens largarem de suas mulheres em qualquer circunstância, deixando-as sem quaisquer cuidados, e elas ficavam à deriva numa sociedade patriarcal. Jesus estava defendendo-as para que não houvessem divórcios por conveniência, mas com motivos válidos para tal ato.

Ele também foi contra o ensinamento que um homem era 'requerido' dispensar sua esposa se ele apenas suspeitasse de sua infidelidade. Ele condena tal comportamento.

Vemos que Moisés não ordenou o divórcio - alterando a lei divina, apenas permitiu-o, e o próprio Filho de Deus explicou o porque. Jesus Cristo, usando a caridade que permeava suas ações, e a qual exemplificava aos seus discípulos, afirmou novamente que somente se uma mulher - ou HOMEM - houvesse realmente cometido um ato irreparável que maculasse seu casamento, o divórcio seria aceitável.

Muitos hoje leem tal passagem e erroneamente afirmam:

1. Ninguém pode se divorciar de sua esposa a não ser que ela seja infiel.

2. Qualquer pessoa divorciada que se casa novamente, comete adultério.

O julgamento errôneo está sendo colocado não somente em alguém casando-se novamente, mas alguém casando-se novamente após um divórcio injustificável. Então, por essa lógica, o divórcio tornar-se-ia inválido, consequentemente o novo casamento também. Se o divórcio fosse válido, o novo casamento também o seria. Exatamente como o era o costume judeu da época.

A Bíblia não diz nada se abuso físico, sexual, ou severo abuso emocional seriam motivos suficientes para o divórcio, e possivelmente um segundo casamento.

Duas coisas sabemos com certeza pela Bíblia:

1. Sim, Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16).

2. Mas Deus é misericordioso e perdoador. (Êxodo 34:6; Deuteronômio 4:31; 2 Samuel 24:14; 1 Crônicas 16:34; Salmo 25:8; Salmos 86:5; 100:5; 145:9; Jeremias 3:12; Joel 2:13; Miquéias 7:18, 2 Coríntios 1:3; Tiago 5:11)

Cada divórcio é resultado de pecado, tanto da parte de um cônjuge ou dos dois. Deus perdoa o divórcio? Claro que sim! O divórcio não é menos perdoável do que qualquer outro pecado. O perdão de todos os pecados está disponível através da fé em Jesus Cristo (Mateus 26:28; Efésios 1:7).

Se Deus perdoa o pecado do divórcio, isto então significa que você está livre para se casar novamente? Paulo disse que não necessariamente. Às vezes Deus chama as pessoas para que continuem solteiras (I Coríntios 7:7-8). Estar solteiro é algo que não deve ser visto como uma maldição ou punição, mas ao invés disso, segundo a visão de Paulo, como uma oportunidade de servir a Deus de forma mais comprometida e incondicional (I Coríntios 7:32-36).

Mas Paulo também ensinou que é melhor casar do que abrasar-se (I Coríntios 7:9). E isso pode se aplicar a um segundo casamento após o divórcio. Nesta passagem, Paulo ecoa os ensinamentos de Cristo, dizendo que maridos e esposas deveriam buscar reconciliar-se antes de divociar-se. Ele trata também de alguns assuntos novos, sobre se um homem - ou mulher - cristão casar-se com um cônjuge pagão que adora ídolos, fala de "consentimento" e sofrimento em um casamento assim. Em seguinda, Paulo faz uma exceção à regra, antes explicada por Jesus, no contexto aos fariseus. Ele explica um pouco mais a lei para o povo de Corínto conforme a realidade deles:

"11 Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.

12 Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe.

13 E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.

14 Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; doutra sorte os vossos filhos seriam imundos; porém agora são santos.

15 Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso não está sujeito o irmão, ou a irmã, à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz."

O versículo 15 traz um ponto crucial. A parte inocente não está obrigada ao casamento, e isso inclui homem ou mulher igualmente. Esta linguagem na época corrigiu a lei judaica, de que a parte inocente estava livre para se casar novamente, porque não precisa sujeitar-se à servidão do cônjuge que não faz sua parte no casamento.

Paulo repetiu o ensinamento no mesmo capítulo, versículos 26 a 28:

"26 Tenho, pois, isto por bom, por causa da presente necessidade, que é bom para o homem o estar assim.

27 Estás ligado a mulher? Não busques separar-te. Estás livre de mulher? Não busques mulher.

28 Mas, se casares, não pecas; e se a virgem se casar, não peca. Todavia os tais terão tribulações na carne; porém eu vos poupo."

O Novo Testamento nos diz que o casamento é uma instituição divina ordenada por Deus entre um homem e uma mulher. O divórcio, na grande maioria dos casos, é o resultado trágico da infidelidade e descrença, porém Cristo também ensinou que não há erro tão grave que não pode ser perdoado e esteja tão longe de receber sua graça, através da Expiação.

E nosso Deus é um Deus de restauração e renovação, onde a família e a felicidade de seus filhos é mais importante, e um novo casamento pode trazer esperança e o Espírito de caridade, perdão e renovação dos convênios num mundo totalmente fora de prumo.

O divórcio na Igreja Viva de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Aprendemos que a santidade do casamento e da família é ensinada repetidas vezes nas escrituras. Ela foi confirmada pelos profetas e apóstolos modernos. A despeito das verdades ensinadas sobre a santidade do casamento, o divórcio tornou-se algo muito comum no mundo atual. Como a família é essencial ao plano do Pai Celestial para Seus filhos, Satanás procura destruir o casamento e a família. Devido às escolhas erradas e ao egoísmo de um ou de ambos os cônjuges, o casamento às vezes termina em contendas, separação e divórcio.

Se em vez de recorrer ao divórcio, cada pessoa procurasse o conforto e bem-estar do seu cônjuge, o casal cresceria em amor e união. O evangelho de Jesus Cristo, que inclui arrependimento, perdão, integridade e amor, tem a solução para os conflitos do casamento.

As pessoas que provocaram o divórcio por suas escolhas erradas podem se arrepender e ser perdoadas. As pessoas cujo casamento fracassou devido a coisas que outras pessoas fizeram podem receber forças e consolo do Senhor, que prometeu:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei (…) .Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”

(Mateus 11:28, 30).

Ou seja, felizmente não vivemos mais a lei judaica ou a lei de Moisés. Não é a Igreja que permite o divórcio. Jesus Cristo, que cumpriu a lei de Moisés e não a lei que os fariseus praticavam em sua letra e não em seu espírito, instituiu o amor a Deus e ao próximo, acima de todas as outras leis. E somente através de Sua Expiação, podemos encontrar perdão através do arrependimento.

O processo do divórcio na Igreja

Um divórcio civil anula o casamento no que se refere ao direito civil, mas apenas por mandato da Primeira Presidência pode ser clarificado o selamento de um casal para que ambos tenham um novo selamento.

O profeta é o representante do Senhor neste mundo (Amós 3:7; Mateus 16:19; Números 12:6; 1 Samuel 9:9; Lucas 1:70). Os casos desta natureza precisam ser levados ao seu conhecimento que é portanto, do conhecimento do Senhor. Nem todos os casos recebem permissão para um novo selamento, principalmente se houve abuso e se ainda há pendências entre ex-cônjuges. As partes envolvidas são responsáveis por lidar com a situação de forma honesta e verdadeira.

Se um homem ou mulher divorciados que já tenham sido selados antes quiserem casar-se novamente, devem procurar o seu bispo respectivo que os ajudará com os devidos formulários a preencher e explicará como o processo funciona.

Um cancelamento do selamento é o que realmente nos referimos quando falamos de um divórcio no templo. Quando alguém completou um divórcio civil após o selamento no templo, ele deve ser liberado pela Primeira Presidência antes que ele possa receber uma recomendação do templo por seu bispo.

Após a liberação do divórcio ter sido concedida pela Primeira Presidência, um pedido de cancelamento do selamento do templo pode ser feito ao presidente da Igreja. Normalmente, é a mulher que procura um cancelamento do selamento. Uma vez que uma mulher não pode ser selada a dois homens ao mesmo tempo, ela deve ter um cancelamento do selamento anterior antes que ela possa ser selada novamente. O profeta representa o Senhor na terra.

A igreja não revoga selamentos. Os envolvidos pedem permissão para serem selados com outras pessoas. Crianças que nasceram no convênio ou foram seladas posteriormente a seus pais, permanecem seladas aos mesmos pais na vida vindoura mesmo se houver autorização da Primeira Presidência para um novo selamento.

Embora o selamento proporcione os meios necessários pelo qual famílias podem ser unidas para a eternidade, ser digno das bençãos da eternidade é primeiramente um processo individual. Nossa promessa final é de que se formos fieis e perseverarmos até o fim, teremos uma família e descendência eterna, mesmo que alguns membros da família não compartilhem de tais bençãos. Membros da família que não tenham vivido a altura de seus convênios, herdarão Reinos de Glória compatíveis com a lei que estiveram dispostos a viver.

Novamente, não é culpa da igreja se alguns não fazem sua parte para terem um casamento eterno. Só será eterno se ambos trabalharem pra isso. A igreja proporciona a oportunidade para o convênio sob a autoridade correta conforme ensinado por Cristo, mas as bênçãos são condicionadas à obediência e cumprimento dos mandamentos.

Em D&C 82:10, temos:

"Eu, o Senhor, estou obrigado quando fazeis o que eu digo; mas quando não o fazeis, não tendes promessa alguma."

Em D&C 58:30-33 também:

"30 Quem sou eu que fiz o homem, diz o Senhor, para considerar inocente o que não obedece aos meus mandamentos?

31 Quem sou eu, diz o Senhor, para prometer e não cumprir?

32 Eu mando, e os homens não obedecem; revogo, e eles não recebem a bênção.

33 Depois dizem em seu coração: Esta não é a obra do Senhor, porque suas promessas não se cumprem. Mas ai deles, porque sua recompensa os espreita de baixo e não de cima."

Se tiver mais dúvidas a respeito, converse com um presidente de templo se tiver acesso ao templo e ele lhe explicará melhor.

O Senhor fará todos os ajustes necessários quando chegar a hora. Por agora, temos o Seu Evangelho, confiamos em Seu profeta, e fazemos a nossa parte. Ele conhece o coração de Seus filhos, e decidirá onde passaremos nossa eternidade.

Nossa preocupação deve ser em chegar lá.

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